Foto reprodução/TV Cabo Branco |
PM diz que há pelo menos 30 casos suspeitos; psiquiatra indica como fugir do 'jogo'.
"Ele chegou até a mutilar o corpo [...] e sofreu ameaças quando tentou sair”, conta a mãe de um adolescente que participou do desafio da “Baleia Azul”, em João Pessoa - PB. A Polícia Militar já suspeita da participação de pelo menos 30 jovens do estado no desafio - uma espécie de jogo, com 50 tarefas a serem cumpridas, sendo que a última é tirar a própria vida.
“Desde dezembro, nós percebemos que ele mudou de comportamento. Nós achamos que era o início de uma depressão, sem querer ir pra aula, sem querer sair com a família”, relata mãe, que não suspeitou do problema que seu filho estava enfrentando: o desafio da “Baleia Azul”. Para o tenente-coronel Arnaldo Sobrinho, da Polícia Militar, na Paraíba há pelo menos dois casos de suicídio, nos últimos 120 dias, que têm fortes indícios de relação com o "jogo".
“O trabalho da Polícia Militar tem sido preparar relatórios para a Polícia Civil, para problemas locais, e para a Polícia Federal por ter suspeitas de pessoas de outros estados participando em grupos [da ‘Baleia Azul’]. Há ainda a suspeita de estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos, atuando como moderadores”, relata o Coronel.
“A gente tem percebido um perfil [dos participantes] que vai de 10 [...] até 19 anos, com mais intensidade entre 12 e 16 anos. Essas pessoas têm sido convidadas por amigos; em outras situações as pessoas têm compartilhados links no Facebook para que essa participação seja viabilizada através do WhatsApp. Isso nos preocupa porque o WhatsApp acaba mascarando mais ainda a atividade de quem está participando”, diz.
Arnaldo Sobrinho ainda contou que pelo menos 30 pessoas já entraram em contato com a Polícia Militar informando alguma suspeita de envolvimento com a “Baleia Azul”. É o caso da mãe, que não quis ser identificada, mas relatou que seu filho estava participando do desafio. Ela entregou o computador do adolescente para ajudar a polícia nas investigações.
A mãe conta que via seu filho “com medo, chorando muito”, até que decidiram pedir ajuda a um psicólogo. No primeiro momento quando os pais questionaram o adolescente, ele disse não conhecer o “jogo”, mas acabaram descobrindo que ele falou do desafio para um outro integrante da família e, inclusive, assumiu que estava participando. “Ele disse que não estava conseguindo sair do jogo porque estava sofrendo ameaças através do Skype e Facebook”, disse.
"O intuito deles é chantagear para que as crianças cheguem ao final do jogo e cometam o suicídio”, conta a mãe.
Por esse motivo é que o psiquiatra Alfredo Minervino alerta que qualquer sinal de mudança de comportamento dos filhos serve como alerta para os pais. "O adolescente têm uma predileção muito grande pela questão da impulsividade, pelo desafio. Então eles são presas fáceis para esse tipo de ‘jogo’. Com resultados bastante danosos, como é o suicídio”, ressalta o psiquiatra.
Para Alfredo, no caso desse adolescente é mais complicado “porque há uma ameaça muito grande sobre o que vão fazer - pois já sabem onde ele estuda, onde ele mora. Os adolescentes precisam entender que há uma polícia que vai ajudar, existe alguém que pode ajudá-los. Eles têm que buscar ajuda”. E deixa um recado: “não entrem nesse ‘jogo’ com a certeza de que tem que ir até o final”, lembra o psiquiatra Alfredo Minervino.
Portal Picuí Hoje com G1 PB