Para a psicóloga do Sistema Hapvida em João Pessoa, Rafaela Amorim, assim como o vício em drogas, o vício em celular – equipamento mais usado para acesso à internet segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, costuma ser banalizado, mas pode trazer consequências desastrosas a saúde. “Pode provocar acidentes, ansiedade, estresse, bullying, ortorexia psicológica e até mesmo transtornos alimentares, através dos padrões expostos nas redes sociais, que criam a ilusão de uma falsa realidade, uma ‘vida perfeita’ em sua superficialidade”, alerta.
Ainda de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2018/2019, do IBGE, entre os objetivos de acesso à internet pelo público pesquisado, está o envio e recebimento de mensagem de texto, áudio e imagens por aplicativos. O desafio é saber quando esse uso se torna um problema e, nesse sentido, a psicóloga aponta que existem diversos sinais. “Sobretudo é importante o indivíduo avaliar seu grau de tolerância ou abstinência, quando o acesso ao celular fica difícil. Muitas pessoas sentiram esses efeitos quando, recentemente, as redes ficaram fora do ar”, avalia.
Rafaela ressalta ainda que é importante o indivíduo identificar quanto o tempo utilizado no celular tem prejudicado outras atividades cotidianas, comprometendo as relações, o trabalho, e atrapalhado na qualidade de vida de uma forma geral. Além de perceber se passa horas no aparelho sem necessariamente precisar ou se perde horas desnecessariamente.
A psicóloga do Sistema Hapvida reforça que além das pressões sociais que fazem a maioria dos indivíduos – até mesmo crianças e adolescentes – aderirem às redes sociais, serem reforçados por curtidas, a dopamina que provoca e que é comum a vários vícios, existe ainda uma relação de necessidade de aceitação, de mostrar um eu “ideal” para sentir-se aceito. Isso gera uma confusão em grande parte das pessoas, que querem exibir e se comparar aos padrões que as redes favorecem, distanciando cada vez mais o indivíduo da realidade, à medida que o vício aumenta, causando frustração.
Rafaela acrescenta que somente através da educação e conscientização é possível tirar o melhor proveito da utilização da internet e seus dispositivos. “As famílias, escolas, os indivíduos precisam estar cientes dos riscos da exposição e do uso frequente. Sem as restrições adequadas aos conteúdos inadequados e sem ferramentas que busquem preparar os indivíduos, a tendência é piorar”.
Reabilitação – Para quem sofre com o descontrole do uso da internet e das redes sociais, a especialista explica que o primeiro passo para um processo de reabilitação é tornar consciente o uso correto das redes e aplicativos, e educar até que ponto pode ser nocivo. “Existem algumas medidas que o próprio celular pode facilitar: tornar aplicativos mais inacessíveis, dificultar sua localização, utilizar senhas pra dificultar o processo pode ser uma estratégia. Deixar no modo avião enquanto precisa desenvolver atividades importantes ou deixar guardado em outros cômodos são algumas opções”, esclarece.
Novos Caminhos – A psicóloga aponta que existem algumas estratégias para modificar um hábito ruim e que podem ser utilizadas no sentido de melhorar esse relacionamento com o uso da internet e as redes sociais. Confira:
- Eliminar os gatilhos – Os principais estímulos que fazem o indivíduo utilizar o celular de forma inadequada e desnecessária, substituir este hábito por outros mais saudáveis: se o que se busca é contato, de que forma este contato é mais saudável? Se for informação, como posso substituir para não recorrer ao celular?
- Desligar as notificações dos aplicativos – Esta é uma forma de eliminar gatilhos e possíveis distrações. E principalmente, lembrar que a principal função do celular é telefone, por mais que se tenha essa necessidade absurda de estar o tempo todo se atualizando, sem pausa, isso só vai aumentar o estresse, ansiedade e frustração. Se algo for realmente importante, lembrar que as pessoas ligam;
- Planejar a rotina – Tempo livre de forma saudável, além de verificar o tempo utilizado nos aplicativos – vários deles acusam as horas que o indivíduo permanece.
Portal Picuí Hoje com R7.
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