"Queremos cuidar da saúde da nossa população", anunciou o prefeito Roberto Fracalossi, numa tentativa de levar calma aos moradores. O prefeito passou os últimos três dias dando declarações à imprensa argentina, que tentava entender o insólito episódio em que todo um povoado se viu sob o efeito de uma nuvem de maconha.
Na segunda-feira (29), dezenas de agentes da Polícia do Exército e da Guarda Costeira chegaram em caminhões com sete toneladas de maconha a serem incineradas no forno de uma serraria de Colonia Libertad. Esta primeira carga equivalia a um terço das 21 toneladas de maconha apreendidas em operações antidrogas pelas forças de segurança da província argentina de Corrientes, que faz fronteira com o estado brasileiro do Rio Grande do Sul. O rio Uruguai, que divide os dois países, é patrulhado, do lado argentino, pela Guarda Costeira, responsável por parte das apreensões.
"Fog" de maconha
A fumaça provocada pela queima das primeiras toneladas, depois de expelida pela chaminé do forno, desceu por ação do vento, cobrindo o povoado com uma névoa embriagante e impregnando as casas com um forte odor.
Alterados, os moradores foram à Prefeitura para reclamar. Estavam preocupados com as eventuais consequências no sistema respiratório e no estado de consciência.
Enquanto lidava com os habitantes, o prefeito enviou o vice-prefeito e um assessor legal até o forno, localizado na principal rua do povoado, a dois quarteirões de uma escola e perto de um hospital.
"Não sabemos o quão nociva a queima de 20 mil quilos de droga pode ser, mas não achamos que devesse ser feita na área urbana. Queremos proteger a nossa população", afirmou o prefeito Roberto Fracalossi.
"Nunca nos pediram autorização para destruir esta droga aqui nem nos avisaram antes para que pudéssemos tomar os cuidados necessários", defendeu-se o vice-prefeito, Francisco Tribbia. "Não sabemos o quão tóxica essa fumaça é, mas sabemos que toda essa droga é ruim", criticou.
Segunda dose
O assessor legal conversou com o juiz federal Gustavo del Corazón de Jesús Fresneda, responsável pela ordem de incineração da carga. Perante o risco à saúde dos habitantes, o juiz suspendeu a operação.
"Nenhum morador chegou a procurar socorro médico, mas isso alterou todos. A principal queixa foi pela fumaça que invadia todas as casas. Desconhecemos as consequências dessa fumaça para a saúde", descreveu o prefeito Fracalossi, acrescentando que "o cheiro já dura dias". Agora, o processo de incineração será terminado em outro lugar, mantido sob sigilo.
Os moradores ainda tiveram uma segunda dose nesta quarta-feira (1). Quando a ordem de suspensão expedida pela Justiça chegou ao povoado, já tinham sido incineradas outras seis toneladas de cannabis. A tonelada restante foi levada ao mesmo forno na tarde desta quarta-feira.
Por: Marcílio Araújo/Portal Picuí Hoje com informações do ClickPB.
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