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27.1.24

Fundador do PT deixa partido após não ser escolhido para disputar prefeitura

Um dos fundadores do PT deixou partido – Foto: Reprodução/Facebook.
Militante do Partido dos Trabalhadores (PT) desde sua fundação, em 1980, Elói Pietá deixou a legenda na última terça-feira (23) após não ter sido escolhido para disputar a Prefeitura do município de Guarulhos, localizado na região Metropolitana de São Paulo. Prefeito da cidade em dois mandatos, entre 2001 e 2008, Pietá pregava a realização de prévias, a exemplo do que fez na capital o deputado estadual Eduardo Suplicy. E, assim como na maior cidade do estado, o Diretório de Guarulhos rechaçou a disputa interna com votação aberta aos 25 mil filiados.

Com apoio de 35 dos 46 membros, a direção municipal escolheu o deputado federal Alencar Santana para representar o PT nas urnas. Com a decisão, Pietá explica em entrevista à CNN que a única maneira de se candidatar seria a partir de sua desfiliação do "único partido que me inscrevi na minha vida, que ajudei a criar lá atrás".

Democracia de Republicanos nos EUA e a falta no PT de Guarulhos

Ao protestar contra a falta de prévias, Pietá afirma que "o processo de escolha do candidato a presidente do Partido Republicano nos Estados Unidos é mais democrático do que o do PT em Guarulhos para prefeito". A fala acontece no momento em que os norte-americanos estão escolhendo quem será o representante republicano nas eleições presidenciais, com a liderança momentânea do ex-mandatário Donald Trump.

Pietá conta que, quando venceu no município, passou pelo crivo dos filiados em ambas vezes. "Em 2000, eu passei por uma prévia, ganhei. E quando eu era candidato à reeleição, apesar de estar bem avaliado, um vereador disse: 'Eu quero que o estatuto seja cumprido'", relembra.

Agora, a fim de conseguir disputar internamente, o político entrou com um pedido de liminar na Justiça.

Entretanto, a medida não surtiu efeito. "O juiz não deu a liminar. Disse que não teria prejuízo, porque depois, sendo fora do estatuto, seria anulado. Acontece", expressa. Em sua visão, não há no estatuto do PT uma previsão para que a escolha seja feita apenas entre os membros da direção.

"Quando existe mais de um pré-candidato, porque nem todo mundo é igual e nem todo mundo tem a mesma aceitação popular, aí a regra do estatuto que é claríssima, os filiados e filiados que votam em voto secreto e escolhem, depois de debates", cita.

O Diretório do PT de Guarulhos, por sua vez, afirma que a escolha de Alencar aconteceu conforme as regras e resoluções do Diretório Nacional e foi acompanha por membros do Diretório Estadual.

Um recurso de Pietá no Diretório Nacional foi derrubado por 47 votos a 36.

De acordo com o partido, a justificativa do ex-prefeito não se sustenta, considerando que já houve a escolha sem prévias em 2016 e 2020, "onde esses mecanismos foram utilizados para que Elói Pietá pudesse ser o candidato pelo partido".

Conforme o ex-prefeito, em 2016, ele foi escolhido por delegados eleitos pelo partido. E, em 2020, Alencar desistiu da disputa após um acordo entre ambos. "Como só tinha um, vai disputar com quem?

"Processo legitimo e democrático"

À CNN, Alencar Santana afirma que o PT de Guarulhos escolheu sua candidatura "num processo legitimo, normal e democrático". "Democracia não é respeitar apenas quando você ganha, é respeitar quando você perde. O Elói também foi à Justiça e não ganhou."

Segundo Marks Oliveira, secretário do Diretório Municipal de Guarulhos, houve o entendimento de que Alencar é o "mais cotado para ganhar a eleição devido ao seu momento político". Entretanto, esse não foi o entendimento de Pietá, que classificou a situação como "lamentável".

Alencar diz que a prévia é um direito, mas existe também no estatuto à exceção, relembrando 2016 e 2020.

"Eu abri mão, fiz um acordo para ele ser candidato. Foi democrático o processo de escolha? Foi. Foi democrático agora em 2024? Foi. Estatutariamente foi", avalia.

Nas palavras do deputado, "o futuro costuma ser muito duro" com quem sai do PT.

Portal Picuí Hoje com CNN Brasil.

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