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25.1.24

INÉDITO: Primeira Escavação Arqueológica de 'Cemitério de Bexiguentos' do Brasil é realizada em Frei Martinho

Foto: Divulgação/Prefeitura de Frei Martinho.
Na manhã dessa quarta-feira (24), aconteceu a Primeira Escavação Arqueológica de "Cemitério de Bexiguentos" no Brasil. C
omandada pelo paleontólogo e arqueólogo Juvandi de Souza Santos, que também é professor e coordenador do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da Universidade Estadual da Paraíba (LABAP/UEPB), Juvandir de Souza, o excepcional fato ocorreu na Várzea Verde, comunidade rural do município de Frei Martinho, localizado na região do Seridó da Paraíba.

Na ocasião, adolescentes do Núcleo de Cidadania de Adolescente (NUCA) de Frei Martinho; a secretária de Turismo Isabelle Lima; o secretário de Administração Chiquinho Dantas; e a mobilizadora do NUCA, Jancira Soares participaram do momento que marca a história do município fre-martinhense e de todo país.

A comunidade Várzea Verde apresenta grandes riquezas históricas e arqueológicas, as quais por meio de estudos e parcerias, estão sendo descobertas ao longo dos dias.

Todo processo conta com apoio do Poder Executivo de Frei Martinho. Em entrevista ao Portal Picuí Hoje, o prefeito Tião Pinto (Republicanos) destacou que "a ação é muito importante para o município".

"É graças a estudiosos como o professor Juvandi e todo pessoaal da sua equipe que conseguimos dar o devido valor aos monumentos arqueológicos históricos do nosso estado, e também não permitimos que a história dos nossos antepassados seja esquecida", enfatizou o gestor.
Foto: Divulgação/Prefeitura de Frei Martinho.

Foto: Divulgação/Prefeitura de Frei Martinho.

Foto: Divulgação/Prefeitura de Frei Martinho.
Cemitério de Bexiguentos, o que é?

Como visto pelo Portal Picuí Hoje, no final do século 19 e início do século 20, as pessoas com doenças infectocontagiosas como tuberculose, catapora (bexiga), sarampo, cólera, varíola, difteria e a peste negra não eram sepultadas nos cemitérios municipais e nem nas igrejas. Na época, ainda doentes, eram obrigadas pelos próprios parentes a se isolarem no meio das matas, em pequenas casas ou grutas para evitar o contágio dos demais e, quando morriam, um enfermo enterrava o outro nos chamados 'Cemitérios dos Bexiguentos'.

25 locais do tipo já foram catalogados na Paraíba. Além de valorizar a memória dos falecidos, o grupo pretende estudar os restos mortais encontrados nos cemitérios para buscar possíveis identificadores ou marcadores das doenças que levaram tantas pessoas à morte.

Conforme explica o paleontólogo e arqueólogo Juvandi de Souza, muitas doenças deixam marcas profundas nos ossos, a exemplo da tuberculose. "Nós vamos buscar esses marcadores e identificar, de fato, as causas das mortes dos que foram sepultados nesses locais. Só com a exumação e escavação arqueológica é que teremos condições para isso", explica.

Segundo Juvandi de Souza, as escavações vão permitir o acesso aos fragmentos de ossos humanos para que sejam feitas as análises.

Iniciado há mais de cinco anos, o projeto de pesquisa conta com a publicação do livro "A Morte Desprezível". Nele, o professor fala sobre as epidemias no mundo, onde surgiram as principais doenças. Há ainda um capítulo que aborda a questão da arqueologia desses cemitérios e a sua importância para se buscar os marcadores. O livro, que teve como coautora a orientanda Beatriz Freire Guimarães, faz uma abordagem inédita sobre o assunto no país.

"É o primeiro grande trabalho sobre esses locais de memórias do Brasil, que valoriza esses lugares esquecidos por todos, onde as pessoas foram desprezadas, deixadas para morrer. É o primeiro especialmente voltado à ciência da arqueologia", comemora Juvandi de Souza. Segundo ele, existem muitos livros que tratam de cemitérios, mas nenhum específico sobre a arqueologia dos 'Cemitérios de Bexiguentos'.

Para o especialista, foi muito importante localizar os cemitérios. "E a relevância está em trazer esses locais para a história da Paraíba, tratar essas pessoas como verdadeiros seres humanos, tirá-las do anonimato e da morte desprezível", acrescenta.

Muito ainda a se descobrir

Mesmo com o passar do tempo, alguns 'Cemitérios de Bexiguentos' ainda existem pela Paraíba, todos isolados em áreas de difícil acesso. Esses locais são considerados sítios arqueológicos históricos e, além dos 25 catalogados, ainda há muitos que serão visitados e registrados, conforme explica Juvandi.

Alguns desses equipamentos têm nomes, mas a maioria é conhecida apenas como 'Cemitérios de Bexiguentos'. Outros, possuem cruzes e identificação.

Os 'Cemitérios de Bexiguentos' catalogados estão espalhados por todo o território da Paraíba, do Litoral ao Sertão. Conforme as informações, o que melhor resistiu ao tempo foi o do município de Patos, datado de 1905, cuja fachada ainda ostenta a inscrição 'Cemitério dos Bichiguentos'. Fica a cerca de cinco quilômetros do Distrito de Santa Gertrudes.

Os demais estão em municípios como Picuí e Cuité (ambos vizinhos de Frei Martinho), Zabelê, Monte Horebe, Emas,  Pocinhos, Olivedos, São João do Cariri e Pilõezinhos. O arqueólogo observa que, inclusive, pode ter existido algum em João Pessoa, "mas a esta altura certamente foi destruído pelo desenvolvimento urbano", prevê.

Portal Picuí Hoje com informações do jornal A União.

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